Texto
1- Algumas ideias de Paulo Bosísio sobre aspectos da educação
musical instrumental- Guilherme
Romanelli, Beatriz Ilari, Paulo Bosísio.
Texto
2- Ensino instrumental enquanto ensino
de música- Keith Swanwick
Algumas
ideias de Paulo Bosísio sobre aspectos da educação musical instrumental
Paulo Bosísio é um dos maiores
professores de violino da atualidade, ele possui uma maravilhosa pedagogia,
onde todos os conceitos são passados passo a passo, para que o aluno assimile
bem o conteúdo.
No que diz respeito à idade para iniciar
no instrumento, Paulo Bosísio é muito claro no que diz:
É, acho que é como tudo na vida, não tem
uma idade padrão prá se começar e depende da criança que está na frente: -
se ela demonstra interesse, se ela é capaz de se concentrar, e se tem
também quem a assista fora da sala de aula. Por isso uma criança de três anos
de idade, por exemplo, que fora da sala de aula não tem quem a assista, não
vale a pena, vocês sabem muito bem. (Bosísio)
Portanto, não importa a idade que a
criança vai ser iniciada no instrumento, o aprendizado envolve muito mais do
que isso, envolve o interesse da
criança, a participação dos familiares e a preparação do professor também.
Claro que crianças mais novas possuem maior facilidade para o aprendizado,
porém crianças mais velhas também estão aptas a aprender, mas com um pouco mais
de esforço.
O professor de instrumento deve sempre
estar em formação, procurando aprender novas formas de ensino, para poder
transmitir ao aluno, um conteúdo concreto. Além disso, ele deve trabalhar de
forma lúdica, mas sem esquecer as cobranças, pois para o aprendizado acontecer,
o aluno precisa ser cobrado pelo professor.
Sobre a questão dos métodos, Paulo
Bosísio faz um comentário muito interessante e verdadeiro:
Quer dizer, você pode ter resultados
extraordinários com um professor moderno, inventivo, e etc através de um método
que você poderia chamar de “tradicional” como o Doflein,13 por exemplo, e pode
ter maus resultados de um professor que aplica Suzuki, mas de forma ortodoxa,
pouco inventiva e tudo o mais. Então, é do professor que depende basicamente o
que vai acontecer, não importa muito o método que ele aplique.
Resumindo,
o método não ensina ninguém, é necessário ter um bom professor como mediador do
que o método está pedindo em determinada situação.
A
questão da leitura, é sempre discutida, concordo com Paulo, quando ele diz que
a leitura pode vir depois, quando o aluno já possui algumas competências em
relação ao instrumento.
Antes
da leitura, tem muitas coisas para serem trabalhadas, e a primeira delas é o
corpo, que é o nosso primeiro instrumento, depois temos que adequar o violino
em relação ao corpo sem perder o relaxamento, a forma de mão no arco, enfim,
são muitos outros conteúdos que precisam de muita atenção do professor na hora
de ensinar e muita concentração do aluno. Por isso a leitura é deixada para
outro momento, pois na iniciação do instrumento são muitas informações.
O
professor deve sim ser exigente com o aluno, pois é necessário que de inicio, o
aluno tenha uma boa postura, afinação, produção equilibrada do som, para que
mais adiante ele não sofra por conta de falhas que aconteceram no passado. O
professor deve ser exemplo para o aluno, pois eles se espelham nele, afinal, o
primeiro aprendizado do aluno é realizado através de imitação, o professor
produz e o aluno reproduz.
ENSINO INSTRUMENTAL ENQUANTO ENSINO DE
MÚSICA
Swanwick em seu texto
mostra que a aula de música deve sempre ser musical.
Hoje nos deparamos
com aulas totalmente automáticas, onde os alunos produzem regramente o que está
descrito em métodos, onde o professor nem se quer se levanta da cadeira para
ensinar.
O professor deve utilizar
com os alunos diversas formas de ensinar, sempre priorizando o ensino
significativo, onde o professor apresenta os conteúdos relacionando-os com
situações do cotidiano dos alunos, assim eles conseguem interiorizar o
conteúdo, tornado-se autônomos em seus estudos.
Podemos construir
"planos" também com a ajuda de metáforas, imagens mentais,
fotografias cerebrais da ação. Por exemplo, quando seguro o arco do violoncelo
de maneira que a minha mão e a vara do arco se conformem, eu permito o máximo
de flexibilidade e controle durante a ação. Uma abordagem comum parece ser
tentar separar a posição de curvatura de cada dedo, talvez com o professor
movendo minha mão, ou colocando os dedos nos ângulos e lugares apropriados.
Mas isto seria o
"plano" do professor, e não o meu, e as coisas provavelmente não
dariam certo quando eu estivesse sozinho. Por outro lado, eu poderia por minha
mão num balde d'água "imaginário", tirá-la, e sacudi-la para tirar as
gotas - agora a mão e o braço estão livres e relaxados. Então seguindo uma
idéia de Phillis Young imagino que estou segurando um morango bem macio entre o
polegar e o indicador, e aplico este mesmo "plano" ao arco(2).
É muito importante
que o professor faça esse tipo de relação, assim o aluno consegue fazer associações,
o que é muito importante no processo ensino-aprendizagem.
É importante que o
professor não se prenda a um único método, ele deve perceber a necessidade de
cada turma e aluno para suprir suas dificuldades. Ao invés de trabalhar muitos
matérias, deve-se trabalhar poucos e com qualidade musical, através de uma
única música, é possível trabalhar diversos conteúdos, como afinação, ritmo,
dinâmica, fraseado, andamento, então é importante trabalhar a música e não só
tocar as notas e passar para outro material, pois métodos não ensinam.
A improvisação é
muito importante para desenvolvimento musical, ela pode acontecer em qualquer
nível de aprendizagem, desde a primeira o aluno já pode improvisar. Esse tipo
de atividade contribui muito para a criatividade técnica- musical do aluno e
através dela se desenvolve o ouvido interno.
A leitura musical
deve ser inserida após o aluno ter adquirido algumas habilidades, para que ela
não engesse o aprendizado.
O que pode ser
realizado, é o registros de pequenas composições dos alunos em partituras não
convencionais, isso desenvolve sua criatividade.
As aulas em grupos trazem muitos
benefícios aos alunos, pois um aluno acaba se espelhado no outro, se um está
tocando com o som mais bonito, os demais vão quere copiar e assim acontece com
vários outros fatores, uns vão incentivando os outros.
É muito importante que o aluno não saia
da aula de música sem fazer ou apreciar música, a música pode acontecer de
várias formas, desde um momento onde professor pode tocar para os alunos
relaxarem, ou para atividades rítmicas, onde professor toca e os alunos
caminham no ritmo, isso é também fazer música.
Referências
Romanelli,
Guilherme; Ilari, Beatriz; Bosísio, Paulo: Algumas idéias de Paulo Bosísio sobre aspectos da educação
musical instrumental.
Swanwick
, Keith: Ensino instrumental enquanto ensino
de música
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