quarta-feira, 11 de julho de 2012

Carl Orff


Carl Orff – Vida, obra e pedagogia

Carl Orff (Karl Heinrich Maria) nasceu em Munique, Alemanha, no dia 10 de julho de 1895 e veio a falecer em 29 de Março de 1982. Iniciou os estudos de Piano, Orgão e Violoncello com apenas cinco anos de idade. Ligado ao teatro, à literatura, e à educação, foi um dos mais destacados compositores do século passado.

Entre seus trabalhos mais conhecidos como compositor estão Carmina Burana (1937), a ópera Die Kluge (The Clever Woman, 1943) e a peça musicada Antigonae (1949). Inspirado nos movimentos que revolucionavam a estética da dança desde o início do século, com Diaghilev, e nos movimentos de renovação pedagógica propostos por pedagogos criativos - Decroly, Montessori, Freinet. Orff é conhecido pelo grande público de educadores musicais como o criador do“Schulwerk” (Music for Children, 1930-33, revisada em 1950-54), um conjunto de obras pedagógicas infantis.

Orff e sua Metodologia


O conceito de “música elementar” é o principal fundamento da pedagogia de Orff. A concepção de educação musical desenvolvida por ele, tem como princípio a ideia de que a música é uma forma de expressão natural e deve ser aprendida como qualquer outra linguagem, através da observação, da imitação e da apropriação.

Orff trás a pedagogia musical uma nova perspectiva a base do método está na crença de que a criança orienta-se em movimentos e sons naturais para “fazer” música. Para Orff, a música, o movimento e a fala, são partes integrantes e constituem os aspectos principais da “música elementar”. Este exercício natural da música, acessível sem qualquer tipo especial de treinamento, atribui ao método um caráter inclusivo, possibilitando à todos uma real possibilidade de experiência musical.

Para Orff, a construção do conhecimento através do “fazer musical” coloca a criança em contato direto com a música. Conhecer pela vivência, por meio de um “sentir” de intensa carga física e emocional, cria bases sólidas para um pensar mais elaborado. Este processo que envolve o fazer, o sentir e o pensar, foi para o educador o grande referencial na criação de sua obra pedagógica: o Schulwerk.

O título "Schulwerk" indica claramente a natureza do processo educacional Orff: é o aprendizado através do trabalho, ou seja, através da atividade e da criação. Orff trabalhou na produção de um conjunto de peças infantis didáticas (práticas musicais), com o objetivo de proporcionar  à criança o contato intenso e organizado com os conteúdos e elementos culturais da linguagem musical.  Propôs em um fazer musical com intencionalidade, expressivo, acessíveis a todos, leigos ou não, que através de um conjunto de atividades de improvisação, expressão vocal, corporal e instrumental,  levam o aluno a integrar em sua experiência todos aqueles aspectos da arte musical.

O lúdico permeia o trabalho de Orff, que se utiliza do canto, das rimas, os ritmos corporais,  a dança, ou qualquer forma criativa de produção sonora. Estas habilidades naturais são canalizadas  para o aprendizado, desenvolvendo um imaginário musical. 

O ensino conceitual, como a leitura e a escrita musical, é um processo posterior à aquisição dos elementos musicais, frutos das práticas musicais vivenciadas. Orff busca “desintelectualizar e destecnizar o ensino da música, acreditando que a compreensão deve vir depois da experiência - esta sim, a base do processo”.
Para o método de ensino Orff, encontramos em seus volumes originais procedimentos característicos deste estilo, que é baseado na utilização de padrões rítmicos e melódicos repetidos, conhecidos como ostinati, acompanhamento com nota pedal oubordão.

Uma outra características da Métodologia de Carl Orff é o trabalho de pentatônicas (do, ré, mi, sol, lá), justamente pelo mesmo ter sido desenvolvido antes da música tonal. Também pelo fato da escala pentatônica estar disposta em caráter circular ao invés da escala maior ou menor que tem uma propriedade direcional. Além de estar sujeito a disposição das regras harmônicas, no que pode dificultar o improviso.

Orff apresenta uma coleção de 5 volumes onde trabalha inicialmente a escala pentatonica e posteriormente vai acrescentando elementos da escala maior e menor.

Volume 1: Rimas Infantis e Pequenas Canções sobre a escala Pentatonica.
Volume 2: Modo Maior “Bordões”, onde os graus IV e VII são introduzidos a partir da Escala Pentatonica
Volume 3: Modo Maior Tríades, são aplicadas as relações dos graus I – II e I-IV evitando o V grau onde gera maior tensão.
Volume 4: Modo Menor, são introduzidos os modos Eólio, Dórico e Frígio.
Volume 5: Modo Menor com tríades tendo a relação de I-VII e I-III evitando os pontos de tensão facilitando a prática de improviso.
Partindo destes aspectos, a criança sempre tem a experiência na execução de um instrumento e também da prática de conjunto sempre praticando música em todos os estágios de aprendizagem.

Referências 

Carl Orff  Homepage, Disponível em: <http://www.orff-zentrum.de/index.asp>. Acesso em 29 abril 2012

FONTERRADA, Maria Trench de Oliveira. De tramas e fios: um ensaio sobre música e educação. São Paulo: UNESP, 2005. Capítulo 2, p. 145-151.

VALIENGO, Camila. A educação musical no século XX: estudo comparativo entre duas instituições musicais em São Paulo. Dissertação (Mestrado em Educação, comunicação e administração) - Universidade São Marcos, São Paulo, 2006. Subtítulo Carl Orff – Capítulo 2, p. 29-33. Disponível em:<http://ead.sead.ufscar.br/mod/resource/view.php?id=194233>. Acesso em: 28 de abril de 2012.

Texto elaborado para uma atividade realizada na UFSCAR (Universidade Federal de São Carlos) pelos acadêmicos Alessandra Martins, Edson Aparecido Pinto, Edimilson Guidotti Sabino e Felipe Vieira Vichetti.

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